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O GIMBRAS

Sábado, 27.09.14

(TEXTO ADAPTADO)

 

O Gimbras era um menino que vivia com o seu irmão Juvenal e não gostava nada de ir à escola. Sempre que conseguia fugir da escola escondia-se do irmão para que este não o castigasse.

Certo dia foi esconder-se em casa da Dulce Quando ela abriu a porta e o viu debaixo  da mesa da cozinha, perguntou admirada:

- O fazes aqui?

- Chiu! – pediu o Gimbras. – Não fale tão alto senão o Juvenal ouve-me!

- O Juvenal? Mas aqui não há nenhum Juvenal!

- Eu também não disse que era aqui que ele estava. Mas está lá fora. E se me encontrar bate-me.

- Se tu saísses daí debaixo e me explicasses isso melhor?

- E se ele me vê?

- Só se ele fosse capaz de ver através das paredes e das portas fechadas. Ele não está aqui.

Alguns segundos depois o Gimbras saiu debaixo da mesa, resmungando:

- Nunca se sabe… Ele é capaz de tudo… No outro dia deu um murro numa tábua  e partiu-a a meio.

A Dulce pode finalmente vê-lo: era um pequeno e fraquito, teria dez ou onze anos…Tinha o cabelo encaracolado, e a pele da cara era morena.

- Agora vais contar-me quem é o Juvenal, e que estás tu a fazer aqui – disse a Dulce.

- O Juvenal é o meu irmão. É com ele que vivo naquela barraca, ali. Está a ver?

- Estou a ver, estou. Estou a ver que fugiste do teu irmão…

- Quem é que aguenta? Não consigo estar na escola. Os outros rapazes andam sempre a fazer queixa de mim ao senhor professor e é sempre a mim que ele castiga. São todos uns queixinhas e depois eu é que pago as favas. E eu não faço nada!...  Mal lhes dou um encosto vão logo fazer queixa ao professor.

- E é por isso que foges, para o teu irmão não te mandar para a escola?

- É claro! Ele quer que eu vá à escola todos os dias. Para quê? Para aturar aqueles palermas? Para estar sempre a levar do professor, porque sou eu que tenho sempre culpa de tudo? Raio de vida… Foi por isso que hoje não aguentei, safei-me assim que vi o Juvenal à minha espera no largo da escola, e enfiei pela primeira porta aberta que encontrei.

 

 Adaptado de um texto de Alice Vieira, Às Dez a Porta Fecha,

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publicado por picodavigia2 às 19:20





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