PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O LUGAR DO TANQUE
Muito diversa e variada era a toponímica da Fajã Grande. Muitos eram os lugares com nomes interessantes e curiosos. Um deles era o lugar do Tanque.
O lugar do Tanque encastoava-se nos contrafortes do Outeiro e localizava-se à direita de quem subia a Fontinha, entre a casa de Tio José Teodósio e o Cruzeiro onde existia a fábrica da Manteiga. Era um lugar muito pequeno mas muito airoso e também muito fértil. Um recanto de verdura um tapete de produtividade! A ele tinha-se acesso por uma pequena e mal desenhada canada, conhecida pela Canada do Tanque, cujo percurso se iniciava no início da reta, finda a qual se situava aquela fábrica, uma espécie de zona industrial da freguesia, constituída por três edifícios de tamanho diferente. O maior destinado ao fabrico da manteiga, o médio à carpintaria, onde eram construídas as caixas para o transporte das latas e a mais pequena, do lado do Alagoeiro, para armazém de arrumos. O acesso ao lugar do Tanque, que só se poderia fazer por aquela canada, no entanto, não era muito fácil porquanto a canada fora edificada quase toda ela sobre uma espécie de maroiço, sob a forma de muralha, construída sobre as paredes dos terrenos circundantes e sem nenhuma muro ou bardo circundante, que protegesse os transeuntes ou a que estes se amparassem. Assim, em dias de vento forte era quase impossível transpô-la. Os animais estavam impedidos de ali transitar e as pessoas, sobretudo quando carregadas com molhos ou sacos, deviam percorrê-la com muito cuidado e cautela.
O lugar do Tanque era ladeado a norte pela Fontinha, a Oeste pelo Cruzeiro, a sul pela Bandeja e a oeste pelo Outeiro. Era um local de terras de cultivo muito férteis como eram as da Fontinha e nelas cultivava-se, sobretudo, batata-doce, milho, favas feijão e de couves. Lugar pequeno, as propriedades ali existentes também eram minúsculas, até porque todos os trabalhos de cultivo, uma vez que ali não transitava gado, tinham que ser feitos com o sacho e a enxada e os produtos acarretados aos ombros, pelo menos até ao caminho da Fontinha.
A origem deste nome parece estar ligada ao facto de, outrora, ter existido por ali algum chafariz ou tanque, utilizado como local para reserva de água para as habitações ou para lavagem de roupa, uma vez que a hipótese de alguma vez ali ter passado ou permanecido um tanque de guerra está total e absolutamente posta de lado. Uma outra hipótese, bem menos provável, é de alguém com o nome ou apelido de Tanque ou outra palavra próxima, tenha ali vivido ou possuído propriedades.