PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O NAUFRÁGIO DA BARCA BRILLANT
No dia 16 de Fevereiro de 1899, a Baía dos Fanais, na ilha das Flores foi palco de mais um trágico naufrágio. Rezam as crónicas que naquele fatídico dia deu à costa, num lugar conhecido por Quebrada Nova, a oeste da Ilha das Flores, uma embarcação norueguesa, sem leme e sem gurupés. Aparentemente, sem tripulação a bordo, a barca de nome Brillant, pertencia ao porto de Christianpand e transportava madeira de pinho.
Foi a Guarda Fiscal, sediada em Santa Cruz, com melícias nos postos de guarda da Fajã Grande que se dirigiu para o local apesar da falta de caminhos, atravessando ribeiras e gotas, saltando grotões e tapumes. A embarcação, desarvorada e já completamente abandonada, estaria a pouco mais de setecentos metros da costa. No entanto, devido à agitação do mar, não foi possível aos militares saltarem para bordo. Alguns dias depois, porém, foi possível fazê-lo identificando-se assim a embarcação naufragada e ainda retirar dela uma boa parte da carga, incluindo vigas, barrotes e tábuas.
A fim de impedir o roubo quer de parte da carga quer de alguns objetos de bordo que haviam dado à costa, foram colocados na Fajã dos Fanais alguns soldados e um remador da Alfândega da Horta, tendo inclusivamente, sido construídas duas barracas, uma defronte do navio e outra a meio do rolo da Quebrada Nova, a fim de que o pessoal que ali permanecia de plantão, nas suas horas de folga pudesse descansar e durante a noite pudesse dormir, uma vez que para se deslocarem às casas mais próximas, da Ponta, demorariam mais de duas horas a lá chegar.
Retirado do mar, mês e meio mais tarde, a barca Brillant foi entregue pelo Chefe do Posto de Despacho ao vice-cônsul de sua Majestade Britânica, nas Flores, uma vez que este era o representante dos donos e seguradores da mesma. Nunca se soube o destino da tripulação que, muito provavelmente, terá sido recolhida por outras embarcações, uma vez que durante aqueles dias e os seguintes não constam ter dado nenhum cadáver à costa.