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O ROCHÃO GRANDE

Domingo, 31.01.16

Situado bem lá no interior da ilha das Flores e a sul da freguesia da Fajã Grande o Rochão Grande era um lugar, apesar de exuberante, pouco procurado pelos habitantes daquela freguesia, a fim de ali trabalharem, uma vez que, para além de se situar muito distante do povoado, não possuía praticamente nenhuma propriedade ou terreno pertencente a particulares, nem muito menos agrícolas. Ali tudo era árido. Assim como os seus vizinhos Rochão do Junco, Água Branca e Burrinha quase toda a área deste lugar era zona de concelho, isto é local de terreno que não sendo de ninguém pertencia a todos. Por isso, era ali que se lançavam comunitariamente as ovelhas que eram juntas duas vezes por ano, nos chamados dias de fio, destinados à tosquia dos ovinos e ao registo das crias mais novas. Essa a razão por que estes andurriais eram procurados pelos habitantes da Fajã apenas nestes dias ou então quando, evitando a Fajãzinha e a Rocha dos Bredos, faziam viagens para Santa Cruz, ou então quando procuravam alguma rês que mais afoita e destemida, colocada nas terras próximas, se escapulia por entre os bardos de hortênsias e se perdia por ali. De resto um deserto, este Rochão Grande, povoado de forrecas, de musgos, de fetos, de queirós de cedros anões, de junco e ervas e que na verdade para pouco mais servia do que para alimento dos ovinos.
O Rochão Grande, paralelo à Burrinha estendia-se por uma enorme encosta voltada a sul, com o Pico do Touro por perto e o Morro Alto lá mais longe, confrontando com a Água Branca e o Rochão do Junco quase até ao Curral das Ovelhas e do Rochão Tamusgo.
De resto e de acordo com o seu nome, por certo teria a sua origem no facto de ser uma espécie de grande rocha em terreno plano, sendo o qualificativo grande usado apenas para o distinguir d os seus homónimos e vizinhos, nomeadamente o Rochão do Junco e o Rochão Tamusgo.
Situado no complexo montanhoso do Morro Alto, o rochedo que envolve o Rochão Grande revela-se muito vigoroso, característica comum a todo o relevo aa ilha das Flores, repleta de pináculos e rochedos de pedra e que se cuida ser fruto duma atividade combinada de vários cones vulcânicos rondando os 700-800 metros de altitude, posteriormente sobreposta com a de alguns cones menores. Daí resultou uma estrutura planáltica em dois degraus, que se prolonga até à costa. No patamar Norte, desenvolvido a uma altitude média de 600-700 metros, onde a vastidão, o silêncio, a tranquilidade e a homogeneidade dos tons verdes tomam conta da paisagem, encontra-se o Morro Alto, o Pico da Burrinha e, ainda, o da Testa da Igreja e o Pico da Sé. No patamar inferior, a Sul, com altitudes entre os 500-600 metros, os aparelhos vulcânicos são mais pequenos e modernos. Nas zonas aplanadas envolventes dos cones encontram-se lagoas, antigas crateras de afundamento, rasas ou fundas, com água acumulada na sua parte inferior. É numa destas encostas que se situa o Rochão Grande.

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publicado por picodavigia2 às 08:50





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