PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O TRADE
Trade era a forma como se designava o trado ou a verruma na Fajã Grande, na década de cinquenta. Tratava-se de um instrumento de madeira, metal e aço, com o cabo de tal forma quebrado em u, ou uma espécie de manivela, permitindo, assim, que fosse possível segurá-lo com uma mão na maçaneta superior, impingindo-lhe a força adequada e rodá-lo com a parte quebrada, de maneira que, a broca de aço, da parte inferior, em forma de espiral e com a extremidade inferior pontiaguda, perfurasse qualquer superfície, nomeadamente a madeira, a fim de lhe prender um parafuso ou prego. Assim, ao girar, o trade conseguia perfurar a madeira, a terra, ou até outras superfícies mais duras, fazendo um buraquinho, geralmente, de grande e imediata utilidade. Embora presente entre as ferramentas de qualquer carpinteiro, o trade era, na realidade, um utensilio doméstico de grande utilidade, por isso existia um exemplar em cada casa. Na realidade, o dia-a-dia, nesses tempos recuados, exigia muitas vezes um buraco aqui outro acola, ora para aparafusar o moinho do café ou para encastoar um uma prateleira, ora para encravar um suporte numa porta, uma taramela num palheiro ou uma asa num balde de madeira, ou, até para abrir um buraco num temão para lhe encravar a chavelha mais atrás, tornando-o mais curto, sem o cortar.
O velho trade, utensílio de grande utilidade, hoje é peça de museu, porquanto, desde há muito, foi substituído pelos modernos berbequins, black & deckers e muitas outras eléctricas e electrónicas máquinas de furar e perfurar.