PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PÃO ADUBADO
Na Fajã Grande, antigamente, chamava-se “Pão Adubado” à tradicional Massa Sovada, comum a todas as ilhas açorianas e intimamente liga às festas d Apenas o nome variava. De resto, no que à sua confecção dizia respeito, tudo era muito semelhante ao que se fazia nas outras ilhas.
Assim os ingredientes necessários eram, para além da farinha de trigo, fermento e água, o açúcar, a manteiga, a raspa de limão, um pouco de vinho abafado, noz-moscada, sal, leite e ovos. Estes, juntamente, com o leite e o açúcar constituíam o tal adubo que tornava este pão tão especial, saboroso e diferente quer do pão de trigo, cozido apenas pelas festas, quer do de milho dos dias habituais.
Para preparar este verdeiro luxo que, nas casas mais pobres, apenas se usava pela festa do Espírito Santo, nos casamentos e para fazer os bonecos de Santo Amaro, batiam-se os ovos com o açúcar muito bem batidos, misturava-se o fermento que era feito de véspera, a casca dos limões raspada, a noz-moscada, também raspada, o vinho abafado, o sal, a manteiga amolecida, o leite e, por fim, a farinha. Amassa-se tudo muito bem amassado, de modo a dar uma espécie de sova na massa com as costas da mão e deixava-se a levedar, tapando o alguidar com um cobertor grosso. Depois tendia-se o pão, formando bolas redondas, que se douravam com gema de ovo. Finalmente, iam a cozer no forno bem aquecido com lenha e bem varrido com o varredouro de ramos verdes.
Por alturas da Páscoa também se cozia um pão semelhante a este, chamado folar e que levava no cimo um ovo ou um toro de linguiça. Pelo Carnaval era também com esta massa que se faziam as filhós.
Pão Adubado, assim chamávamos manjar celeste que tão raramente saboreávamos.