PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PARTE V - IV ATO CENA 8
Uma sala de casa rural (agricultor remediado) açoriana dos anos 50. Num canto uma cómoda (mesa) com fotos e santos em cima. Várias cadeiras ao redor da mesa e um cadeiral (de vimes), no qual está sentado António Algarvio, dono da casa e, numa outra cadeira, D. Josefa. Dormitam.
Batem à porta.
D.JOSEFA (Acordando um pouco espantada.)- Muda! Ó Muda! Parece que estão a bater à porta. Despacha-te mulher! Ai meu Sagrado Coração de Jesus! Esta Muda nunca me ouve.
ALGARVIO- Ó mulher como é que queres que ela te ouça se é surda? Vá lá tu abrir a porta… Anda lá.
Continuam a bater.
D.JOSEFA (Levantando-se a custo e cramando.) – Ai este meu reumatismo… Esperem que já lá vou!... E aquela Muda que está cada vez mais surda. E eu aqui já sem poder fazer nada e a ter que fazer tudo… O Sagrado Coração de Jesus tenha compaixão de mim. – (Continuam a bater.) - Esperem!... Esperem! Jesus! Credo! Parece que querem rebentar a porta! Já lá vou…
ALGARVIO – Ó mulher despacha-te e deixa-te de rezas… Só rezas e jaculatórias! Vá lá ver quem é.
D.JOSEFA - Á! ´- (Voltando-se da porta para o Algarvio.) – É gente da Fajã! É o teu amigo António com um dos pequenos.
ALGARVIO - Ó mulher e de que estás à espera? O meu amigo António!? Manda-o entrar imediatamente, que me custa levantar.