PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PÁSSAROS NA PISTA
Num destes dias, numa viagem entre o Porto e o Pico, como acontece habitualmente, fiz escala em Ponta Delgada, a fim de, em seguida, rumar à ilha montanha. São inexistentes os voos directos do Porto para o Pico. Os de Lisboa raros. Além disso, o voo seguinte, de ligação entre São Miguel e o Pico, obrigava a uma frugal escala na Terceira.
A viagem decorreu dentro duma invejável normalidade, com um tempo excelente, sem turbulências ou outros acidentes provocadores de intranquilidade, de perturbação ou de pânico. Aproximamo-nos da Terceira com toda a naturalidade, dando o piloto o início à aterragem com uma invejável e perfeita normalidade, tendo já o trem de aterragem sido devidamente aberto. Sobrevoávamos a Praia da Vitória, com as casas muito pertinhas. O Bombardier Q400 aproximava-se, inevitavelmente, da pista. Dentro de poucos segundos estaríamos, verdadeiramente, no chão
De repente e sem que nada o previsse o Q 400 começou a subir, a subir, sobrevoando a ilha na direcção do interior, rodando de seguida e fazendo-se ao mar, desenhando um enorme círculo, como se pretendesse voltar a São Miguel e mantendo-se lá bem no alto, em voo planado, para espanto de todos e medo de alguns. Trem de aterragem recolhido e toca a voar por ali, com os passageiros a entreolharem-se, alguns arregalando os olhos povoados de apreensão, de susto e, nalguns casos, como o meu, de medo.
Não demorou muito e o sinal sonoro. Falava o comandante, explicando o que se passava: Havia pássaros na pista e não tinha aterrado por motivos de segurança.
Naturalmente os pássaros fugiram. De imediato iniciamos nova aterragem, consubstanciada numa rígida e impressionante calma.
Acresce dizer-se que a segurança é sempre absoluta e está sempre em primeiro lugar nos voos das transportadoras aéreas.