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PONTA DELGADA DE RELANCE

Domingo, 19.01.14

A madrugada tardou em comparecer, (ontem), aqui, em São Miguel, talvez porque diminuída num fuso horário, quiçá porque aureolada de um relento que lhe parece ser congénito, e, como se isso não bastasse, ainda chegou, trazendo consigo uma cidade cinzenta, molhada e, aparentemente, tonta. Apesar de tudo, Ponta Delgada não perdeu a beleza, nem o burburinho que lhe são peculiares, nem sequer o estatuto que usufrui de maior cidade açoriana e capital administrativa dos Açores. A sombrear ainda mais o destino desta acolhedora urbe açoriana, a greve, que para além do mais, veio baralhar, complicar e alterar voos e viagens, retendo, no João Paulo II, passageiros, em trânsito, que rumavam às “ilhas de baixo”. Mas ao longo do dia, a manhã foi clareando e, embora caldeada com chuviscos, Ponta Delgada foi-se mostrando simpática e atraente, fazendo desaparecer, aos poucos, aquela chuva miudinha que a envolvia e que nos molhava e, pior, consternava.

Se os dissabores do desalento climatérico acarretaram consternação, a serenidade da bela cidade, apesar de transformada, involuntariamente, em “cárcere”, havia de constituir-se em desanuviamento turístico e ostentar-se nos seus templos e monumentos e, sobretudo, na sua magnitude histórica, cuja origem remonta aos mapas e portulanos genoveses do século XIV e ao início do seu povoamento, no princípio do século seguinte, graças ao empenho de homens e mulheres, oriundos do Algarve, do Alentejo e de outras paragens, aqui aportados, numa madrugada, talvez ela também acinzentada e nevoenta.

Na realidade, como se pode ler nos roteiros e guias turísticos que proliferam no hall do hotel, “Ponta Delgada é dona de uma rica história e de um encantador património construído, rodeado pela esplêndida natureza da Ilha de São Miguel, que delicia quem a contempla a todo o momento. Outrora, a cidade mais importante da Ilha seria Vila Franca do Campo, contudo em 1522 um grande terramoto causou a maior destruição na localidade, passando então Ponta Delgada, uma povoação composta por várias comunidades piscatórias, a herdar a sua importância. Foi no século XIX que Ponta Delgada granjeou o maior sucesso e prosperidade, tornando-se mesmo numa das principais e mais ricas cidades do País, sobretudo devido à forte exportação de citrinos, à indústria piscatória e à fixação de muitos comerciantes estrangeiros. Esta herança é hoje visível no aspecto colonial e Romântico da cidade, tão típico deste período, concedendo-lhe uma ambiente encantador. Hoje em dia, pela cidade respira-se história, quer pelo seu ambiente cosmopolita, quer pelos seus românticos jardins, pelas suas ruas apertadas e calcetadas, ou pelos vários palacetes espalhados pela região que demonstram o poderio económico de outros tempos, graças à fertilidade dos solos e ao furor mercantil. É a Ponta Delgada que oferece o seu rico património cultural, arquitectónico e histórico numa paisagem idílica, onde a indústria turística tem florescido com conta, peso e medida. Ponta Delgada orgulha-se do seu património, com monumentos como a sua bela Igreja Matriz do século XV, o gracioso edifício da Sede da Alfândega, os Conventos da Conceição, de Santo André, do Carmo e de Nossa Senhora da Esperança, o antigo Colégio dos Jesuítas, o Forte de São Brás (também conhecido por Castelo de São Brás) ou as emblemáticas Portas da Cidade.

A cidade apresenta hoje uma crescente oferta de serviços, animação e actividades com espaços comerciais, teatros, cinemas, locais de diversão nocturna, e a renovada Marinha com as suas piscinas e os espaços de lazer, apresenta também espaços antigos e sempre tão aprazíveis como o romântico Jardim António Borges, ou interessantes como o excelente Museu Carlos Machado, instalado no antigo mosteiro de Santo André, retractando a história natural, a pesca e a agricultura de toda a Ilha de São Miguel.”

E a tarde acabou por se tornar soalheira, convidativa a devaneios, aureolados por uma simples, pequena, ordeira e singela manifestação contra os dissabores da crise, frente às portas da cidade, que se transformou em cortejo, com destino ao palácio da Conceição, na demanda de entregar as justas reivindicações de um povo que também se sente, fortemente, ultrajado nos seus direitos, ao representante do governo central na região.

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publicado por picodavigia2 às 22:45





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