PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PRIMÓRDIOS DO POVOAMENTO DAS FLORES
Hoje sabe-se que o verdadeiro e efectivo povoamento da ilha das Flores só se terá dado por volta de 1500, pese embora, cerca de 50 anos após o seu achamento por Diogo de Teive e seu filho João de Teive, provavelmente no verão de 1452, o flamengo Guilherme da Silveira e seus companheiros, terem ocupado a ilha, segundo se crê, entre 1480-90. Esta ocupação, porém, não se tornou efectiva nem muito menos definitiva, porque Guilherme da Silveira “não achou a terra a seu gosto” , nem descobriu os metais que alegadamente procurava, por isso depois de ali estar algum tempo, abandonou a ilha, trocando-a por São Jorge. Assim considera-se que o primeiro e efectivo povoador da ilha foi João da Fonseca, dado que, uma vez que lhe foi confirmada a doação da ilha, por carta régia de 1 de Março de 1504, depois de a ter comprado, juntamente com o Corvo, a D. Maria de Vilhena, viúva de Fernão Teles, para ali partiu, ocupando-a de facto e iniciando o seu povoamento. Assim, pode concluir-se que entre a descoberta da ilha e o seu povoamento efectivo medeiam mais de 50 anos.
Tudo indica que, à semelhança do já haviam feito Guilherme da Silveira e os colonos que com ele trouxera, durante a sua efémera presença nas Flores, também os homens e as mulheres levados para as Flores por João da Fonseca se tenham dispersado, por vários núcleos, ao longo da costa da ilha, com cada família ou grupos afins a ocupar uma parte aqui outra além, parte que lhes coubera na distribuição inicial de terras. A própria toponímia da ilha parece sustentar a tese de uma ocupação dispersa da ilha, pois são várias as fajãs, os ilhéus e até alguns lugares com nomes de primitivos povoadores, como Lopo Vaz, Pedro Vieira, Valadões, os ilhéus de Álvaro Rodrigues, de Maria Vaz ou os lugares de Mateus Pires que perpetuam o nome de alguns dos primeiros colonos ou dos filhos desses.
Mas o povoamento foi lento e moroso, uma vez que, em finais de Quinhentos, ainda só existiam três paróquias na ilha, sendo a primeira criada a das Lajes, depois Santa Cruz e, a terceira, Ponta Delgada. É verdade que estavam muito afastadas umas das outras, mas já existiam alguns colonos noutros lugares da ilha, como nos Cedros, nas Fajãs, no Lajedo e nas outras fajãs, acima referidas, o que mostra que, a par dos principais e mais antigos povoados, pequenos núcleos haviam, desde cedo, cobrindo gradualmente toda a ilha, dando assim origem às futuras paróquias.