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QUE FAZEIS AÍ, SOLDADO

Quarta-feira, 12.02.14

Poema oral, recitado e cantado, antigamente, na Fajã Grande e recolhido por Pedro da Silveira, em 1944. Foi-lhe recitado por José Inácio da Ponta, tendo-o publicado na Revista Lusitana, Nova Série,em 1966:

«Que fazeis aí, soldado, ao rigor da estação?»

«’stou metendo sentinela, aindas que nã seja um cão.»

A camisa era tão grossa, serviria de colchão.

«Ei-lo aqui o triste pago que dão a este batalhão.»

As calças eram tão largas, faziam sombra no chão.

«Ei-lo aqui o triste pago que dão a este batalhão.»

As meias eram tão ralas, boas de pescar camarão.

«Ei-lo aqui o triste pago que dão a este batalhão.»

Os sapatos eram tão grandes, palmo e meio de tacão.

«Ei-lo aqui o triste pago que dão a este batalhão.»

A comida era tão pouca, em vez de carne feijão.

«Ei-lo aqui o triste pago que dão a este batalhão.»

«Amigo se queres, vamos ao palácio reclamar.

Se o rei não te der razão, cá stou eu p’ra agrumentar.»

O rei nim uma num duas, como se fosse de pau.

A rainha antão dizia: «Deves de ser grande marau.»

«Eu não sou nenhum marau, nim pretendo a Angola;

Só quero o meu livramento, não peço nenhuma esmola.»

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publicado por picodavigia2 às 13:59





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