PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
QUINHENTOS ANOS DA PARÓQUIA E DO CONCELHO DAS LAJES
O povoamento da atual vila das Lajes das Flores terá começado no primeiro decénio de Quinhentos, à volta de uma pequena Ermida em louvor do Espírito Santo, que, segundo alguns relatos históricos, estaria localizada “ao sair do porto, que é uma calheta em que abicam barcos”. No entanto, as frequentes investidas e ataques da pirataria obrigaram a população a afastar-se do porto e de próximo do mar, deslocando-se para um local mais afastado e onde foi construída uma nova igreja, a primitiva matriz das Lajes, conhecia por Igreja das Sete Capelas, no local onde se situa atualmente o cemitério. Sabe-se, todavia, que a paróquia já era de invocação a Nossa Senhora do Rosário em meados do século XVII, e que entre 1763 e 1783 terá sido construída a atual igreja matriz, Consta que em 1587 as Lajes das Flores já teria cerca de 300 habitantes e, em finais de Seiscentos cerca de 1.200, sendo então considerada o maior centro populacional da ilha. Em finais do século XVII a paróquia das Lajes das Flores desmembrou-se, isto é dividiu-se originando outras paróquias. Desse primeiro desmembramento surgem duas novas paróquias, uma de invocação a Nossa Senhora dos Remédios, nas Fajãs, em 1676, outra em louvor de São Caetano, na Lomba, provavelmente em 1698. Por duas vezes mais, as Lajes das Flores volta a ser alvo de desanexações, daí resultando a criação das paróquias de Nossa Senhora dos Milagres, no Lajedo, em 1823, e do Senhor Santo Cristo, na Fazenda, em 1959, sendo, sendo esta já freguesia desde 1919
Entretanto, nas Fajãs cuja extensíssima paróquia englobava, desde 1676, os lugares da Ponta, Fajã Grande, Cuada, Fajãzinha, sede da freguesia, Caldeira e Mosteiro e ainda alguns lugares então habitados, a Fajã dos Valadões, a Ribeira da Lapa, o Pico Redondo e os Pentes, todos hoje abandonados, dá-se idêntico fenómeno, à entrada da segunda metade do século XIX, com a ereção das paróquias da Santíssima Trindade, no Mosteiro, em 1850, e de São José, na Fajã Grande, em 1861.
Sabe-se também que as Lajes da Flores já era vila, em 1515, ou seja há quinhentos anos. A primeira alteração à delimitação do concelho terá ocorrido em 1676, na sequência da criação, na costa Oeste da ilha, da paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, nas Fajãs. Nessa data, com efeito, o lugar da Ponta, até então pertencente à freguesia de Ponta Delgada, termo da vila de Santa Cruz das Flores, foi desanexado daquela e passou a integrar, em definitivo, a segunda mais antiga paróquia do concelho de Lajes das Flores, com sede na Fajãzinha.
A mudança imediata na linha que divide os dois concelhos da ilha ocorreu também na costa Leste, em 1757, quando o bispo frei Valério do Sacramento decidiu desanexar a povoação da Caveira da Matriz de Santa Cruz das Flores e integrá-la na paróquia de São Caetano do lugar da Lomba, pertencente ao concelho de Lajes das Flores. A medida, que somente vigorou até 1833, data da independência administrativa da Caveira como paróquia, teve como justificação a conveniência, tanto espiritual como corporal, dos habitantes desta pequena povoação, os quais ficavam mais próximos, e com bem melhores caminhos, da Igreja de São Caetano do que da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Santa Cruz.
Se a Rocha do Risco, a Oeste, e a Ribeira da Silva, a Leste, depressa acabaram por se impor como marcos naturais na demarcação entre os dois concelhos, já o mesmo não sucedeu no interior da ilha, onde, com alguma frequência, se entrecruzaram os interesses das duas câmaras que entre si disputavam mais baldios e logradouros que pudessem arrendar, e o dos cobradores das rendas do real Fisco que, no entender daquelas, persistiam, de forma abusiva, em cobrar dízimos e rendas de terras que a tais encargos não estavam obrigadas. Anos depois as duas câmaras municipais voltaram a desentenderem-se por causa da interpretação da linha divisória dos concelhos, mais concretamente quando a câmara de Santa Cruz resolveu arrendar a Caldeira Seca, que a edilidade lajense reclamava como sua pertença.
O concelho de Lajes das Flores foi temporariamente suprimido, com a consequente anexação dos seus serviços ao de Santa Cruz das Flores, entre 1895 e 1898.
Assim neste ano de 2015 o concelho de Lajes das Flores comemora cinco séculos da sua fundação. A Câmara Municipal das Lajes realizou ontem, dia 20 de Fevereiro, pelas 20 horas, no Museu Municipal, uma sessão solene que assinalou o início das comemorações desta efeméride. Estão a decorrer igualmente este ano as comemorações dos 500 anos da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, pelo que as celebrações destas importantes datas serão efetuadas em conjunto. As comemorações estendem-se ao longo do ano com um conjunto de eventos a serem realizados envolvendo diversas entidades, organizações e coletividades do concelho das Lajes, dignos desta importante efeméride e que permitam prestigiar o município lajense.
NB – Dados retirados da Net e Forum Ilha das Flores