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ROMANCE

Segunda-feira, 17.04.17

(POEMA DE PEDRO DA SILVEIRA)

 

 

- Ti Antonho Cristove conte

aquele causo da viagem,,,

 

Os olhos do velho brilham.

 

Isso foi há tanto ano,

dantes do “navio do açucre”…

A barca do capitão Fidalgo chego

e os verdes imbarcaro.

 

A noite era escura e fria

e a ronda andava por perto.

 

Mar.

Mar para todos os lados.

E as ganhoas piando

dentro do nevoeiro.

 

A ilha ficou para lá do horizonte

com uma lágrima quente de saudade.

 

Depois…

 

Nas horas longas da vigia

Antonho Cristove subiu aos mastros.

Trancou baleias em todos os mares

 - nas águas frias do Ártico,

no mar quente do Pacífico.

 

E lembra aquele raituel

que um dia virou a canoa

e matou um rapaz do Corvo.

 

(Sangue da baleia,

sangue do marinheiro morto

tingindo o mar.

 

Lágrimas de marinheiros

juntam-se ao mar.)

 

Antonho Cristove

tripulante de todos os veleiros

correu todos os oceanos,

conheceu os portos todos,

soube a fúria dos tufões

e as calmarias do Golfo.

 

… e ficaram marcadas no corpo

raivas de capitães americanos,

de capitães açorianos,

de capitães de Cabo Verde…

 

A ilha sempre dentro em si

e a esperança de voltar.

 

Uma fuga em cada porto

e outra barca em que embarcar…

Mulheres de toda-a-gente

nas quatro margens da Terra…

 

Companheiros de aventura,

há tanto tempo os perdeu:

águas do mar os levaram,

terra da terra os cobriu.

 

Ti Antonho Cristove conta a sua vida

e os seus olhos descurados

olham ainda p’ra o mar

num jeito de quem navega

 

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publicado por picodavigia2 às 00:05





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