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GAFE IMPERDOÁVEL

Segunda-feira, 09.05.16

A ilha do Corvo, apesar de, em tamanho, ser a menor do arquipélago açoriano, é incontestavelmente uma das mais belas. De origem vulcânica, como as restantes, é famosa pela sua originalidade e pureza natural, sendo também notável pela simples e humilde idiossincrasia dos seus habitantes Além disso e para os amantes da natureza e de paisagens naturais, de mar, de pássaros e pastagens a ilha do Corvo é um recanto ubérrimo, um paraíso inconcebível.

Com um clima favorável e de baixa amplitude térmica, é mais procurada no verão, altura em que as ligações aéreas e marítimas estão mais facilitadas. Mas apesar de por veres rigoroso e intempestivo o inverno oferece um clima mais agradável do que o do continente. E favorece a prática de desporto de aventura e natureza, assim como pesca, observação de pássaros e turismo.

A ilha é composta por um único povoado, a Vila Nova do Corvo e juntamente com as Flores constitui o grupo ocidental dos Açores.

Ora foi precisamente este paraíso idílico que a TVI e a Plural escolheram para algumas filmagens da telenovela a Única Mulher. Assim uma equipa de filmagens, juntamente com alguns protagonistas da Única Mulher, entre os quais Lourenço Ortigão e Sara Prata deslocaram-se à ilha do Corvo, onde gravaram algumas imagens que, recentemente foram apresentadas em alguns dos primeiros episódios da terceira temporada daquela telenovela.

Dado o facto de a mesma passar na TVI em horário nobre e de ter uma das maiores audiências de sempre de todas as novelas das televisões portuguesas, a apresentação de belíssimas imagens da mais pequena e mais isolada ilha açoriana, constitui um êxito extraordinária. Uma divulgação notável da ilha do Corvo.

Além disso, os benefícios para a ilha e até para os Açores são importantíssimos e, quer as equipas de filmagens quer os atores estão encantados com a mais pequenina ilha açoriana, com a sua beleza natural, a sua pureza, a generosidade e a simpatia das suas gentes. Os próprios atores que estiveram a gravar algumas cenas da telenovela partilharam nas redes sociais várias fotos da sua estadia naquela ilha. Por sua vez, os habitantes do Corvo também ficaram felizes com esta visita e muitos quiseram tirar fotos com os atores para mais tarde recordar.

Mas um facto estranho aconteceu! Uma gafe imperdoável!

Ao apresentar a telenovela, num dos diálogos do episódio de ontem, dia seis de maio, um personagem, a determinada altura, dirigindo-se à filha, profere a seguinte frase:

- "Queres que o pai descubra a verdade e vá a correr para Portugal?"

Imperdoável! Como dizia alguém: Não havia necessidade.

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publicado por picodavigia2 às 00:05

CORNUS TIBI

Sábado, 25.04.15

Conta-se que antigamente, na ilha do Corvo, os homens, sobretudo os mais novos que os velhos não tinham paciência para se entregarem a tais devaneios, festejavam o dia 25 de Abril, vulgarmente designado por «Dia de Cornos» com um cortejo bastante original, pois segundo consta mão era realizado em nenhuma outra ilha açoriana. Os homens juntavam-se no Outeiro, frente à Casa do Espírito Santo e organizavam um cortejo em que seguia um carro de bois, em cima do qual iam os homens que tinham casado naquele ano e que era puxado pelos que tencionavam casar durante o mesmo. Por sua vez os que estavam namorados mas não sabiam ainda quando haviam de casar, iam à frente, munidos de vassouras, a varrer o caminho para o carro passar. O cortejo percorria as principais ruas da vila e regressava ao Outeiro, onde estava uma coroa enfeitada com chifres, presa a um mastro de bandeira, que descia através duma roldana, com a qual o Mordomo da festa coroava todos os que por ali passavam.

O Mordomo da festa, ao fazer descer a coroa e ao enfiá-la na cabeça do coroando e possível candidato a corno, dizia, em latim macarrónico:

- Cornus tibi.

Ao que o mesmo devia responder:

- Amem.

Embora a maioria dos corvinos se divertisse com esta fantasiosa brincadeira, pelos vistos, alguns homens havia que, naquele dia, não passavam pelo Outeiro para não apanharem com a dita cuja na tola. Lá sabiam eles porquê…

 

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publicado por picodavigia2 às 07:41

O CORVINO

Quinta-feira, 09.10.14

Corvino é o nome do bote baleeiro adquirido pela Câmara Municipal do Corvo, é que e obra de Tomaz Vieira, construído na ilha do Pico, após uns meses de muito trabalho, além disso envolvendo muitas outras pessoas, algumas delas especialistas na arte de construção naval. O bote em questão, agora guardado em recinto construído para o efeito, arqueia o nome de “O Corvino”, cuja construção data de 1965, tendo como oficial de construção José Vieira Goulart, mais conhecido por José da Ponta, que era oficial baleeiro (mestre da arrais) e que era um artista multifacetado, tendo entre as suas artes e ofícios: músico, maestro, regente, pedreiro, carpinteiro, baleeiro, etc.

 “O Corvino” ancorou na ilha do Corvo, faz agora precisamente um ano, com toda a dignidade e verticalidade, próprias de quem exemplarmente levou uma vida de maresias, com a balouçante faina à baleia que durante décadas foi responsável pela sobrevivência de muitas famílias em muitas das nove ilhas açorianas e pode ser visitada no centro da Vila do Corvo, na Casa do Bote.

A aquisição do Corvino pela edilidade corvense é, de veras, uma iniciativa de grande interesse histórico e cultural, dada a importância que a baleação teve em todas as Ilhas dos Açores, incluindo a mais pequena, o Corvo.

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publicado por picodavigia2 às 11:00

OS NEVOEIROS DE SÃO JOÃO

Quinta-feira, 28.08.14

A ilha do Corvo o tem, rigorosamente, 17,13 km² de superfície, sendo um pouco maior do que o território de Macau. O seu maior comprimento é de seis quilómetros e meio e a largura máxima é de quatro. Dista de Santa Cruz das Flores treze milhas náuticas e dez de Ponta Delgada.

A pequenina ilha é formada por uma única montanha vulcânica, desde há muito extinta, o Monte Gordo, coroado com uma ampla cratera de abatimento chamada localmente de Caldeirão. Nela, podem observar-se várias lagoas, turfeiras e pequenas "ilhotas", duas compridas e cinco redondas, nas quais, lendariamente, se diz esyarem representadas as outras ilhas açorianas, O ponto mais alto da ilha é o Morro dos Homens no rebordo sul do Caldeirão, com 718 metros de altura acima do nível médio do mar. Além desta elevação destacam-se ainda: a Lomba Redonda, a Coroa do Pico, o Morro da Fonte, o Espigãozinho e o Serrão Alto.

Todo o litoral da ilha é alto e escarpado, constituindo o cone central do vulcão, com excepção da parte Sul, onde numa fajã lávica se estabeleceu a Vila do Corvo, a única povoação da ilha. A escarpa oeste, com uma falésia quase vertical com cerca de 700 m de altura sobre o oceano, é uma das maiores elevações costeiras existentes no Atlântico.

As terras imediatamente em redor da única povoação da ilha e uma pequena zona abrigadas na costa leste, pertencentes às Quintas e ao Fojo, são as únicas em que é possível praticar a agricultura e manter algumas árvores de fruto. As melhores pastagens para o gado ficam mais para norte, nas chamadas Terras Altas, muitas delas dentro da própria cratera do Caldeirão.

Na enseada sul, denominada Enseada de Nossa Senhora do Rosário, existem três cais de desembarque – o Porto Novo, actualmente não utilizado, o Porto do Boqueirão e o Porto da Casa, o maior e o único utilizado no tráfego comercial. O Portinho da Areia, no extremo oeste da pista do aeroporto, é o único areal da ilha e a sua principal zona balnear.

O clima é húmido, com 915,7 mm de precipitação média anual, mas ameno, embora ventoso, com temperatura média anual de 17,6°C na Vila, com temperaturas médias mensais que variam entre os 14°C em Fevereiro e 20°C em Agosto. Nas zonas altas os nevoeiros são quase permanentes. A agitação marítima, particularmente do quadrante oeste, é muito elevada, resultando numa elevada erosão costeira.

A humidade relativa do ar oscila entre 74% em Outubro e 85% em Junho, o mês em que os nevoeiros são mais frequentes, são os "nevoeiros do São João".

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publicado por picodavigia2 às 10:39

FESTA DA SENHORA DOS MILAGRES NO CORVO

Sexta-feira, 15.08.14

Hoje há festa na mais pequena ilha açoriana, o Corvo Trata-se da maior, mais importante e mais significativa festa da ilha, a festa da Padroeira, a Senhora dos Milagres. Esta é, de facto, o maior dia da ilha, dia de festa em honra da sua padroeira, que todos os anos, desde há séculos, acumula cerimónias religiosas, festejos cívicos e populares. A procissão, com a imagem da virgem, acompanhado de outras imagens e símbolos religiosos, percorre as históricas e estreitas ruas da vila, ornadas com belos tapetes de flores e verduras, feitos pelos moradores de cada rua, mas ajudados por toda a população da ilha. Relativamente à pequenina e antiga imagem da padroeira, reza a lenda que o povo do Corvo, certo dia, vendo-se impotente e sem meios para se defender de um temível e poderoso ataque de piratas, terá invocado o auxílio da sua padroeira, a Virgem Maria, nessa altura sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário e que a Virgem os ajudou a derrotar e expulsar os piratas da ilha, pois todas as balas, eram defendias pela pequenina imagem que, assim, em nada prejudicaram os corvinos. Os piratas, vendo que não conseguiam atacar e destruir a população e invadir e saquear a ilha, desistiram da peleja. Nossa Senhora do Rosário, pelos seus feitos e milagres, passou a ser chamada de Nossa Senhora dos Milagres, tornando-se no epicentro da devoção de todos corvinos. Verdade é que, para além da lenda, o Corvo sofreu, ao longo da sua história, diversas incursões e ataques de corsários e piratas. Os corvinos, entretanto, souberam, sempre, impor-se, muitas vezes, sub-repticiamente, aliando-se aos invasores e participando activamente na sua actividade. Em troca de protecção e dinheiro, a ilha fornecia água, alimentos e homens, ao mesmo tempo que permitia tratar os enfermos e reparar os navios. Sabe-se que o maior ataque se deu no ano 1587, sendo o Corvo saqueado e as suas casas queimadas pelos corsários ingleses, que antes haviam atacado as Lajes das Flores e ainda que no ano de 1632, a ilha sofreu duas tentativas de desembarque de piratas da Barbária, no local do actual cais Porto da Casa, que na altura ainda era apenas uma baía. Duzentos corvinos usaram tudo o que tinha ao seu dispor para repelir os atacantes que acabaram por desistir com algumas baixas. Cuida-se que a lenda sobre a presumível ajuda da imagem da Virgem se relacione com este ataque, uma vez que durante o mesmo, a imagem de Nossa Senhora do Rosário foi colocada na Canada da Rocha, donde terá protegido a população local das balas disparadas dos navios piratas.

Para além dos cerca de quatrocentos habitantes da ilha, participam, habitualmente, nesta festa muitos forasteiros e visitantes, vindos, sobretudo, da vizinha ilha das Flores que aproveitam a ocasião para apreciar as belezas e a quietude da pequenina ilha.

A música ecoa pelas encostas e ravinas, a Filarmónica local e uma ou outra vinda das Flores, onde hoje existe apenas uma, a da Fajazinha e anima a festa, assim como os demais concertos que fazem parte do programa.

O Corvo, neste dia 15 de Agosto, celebra de facto a grande festa da sua Padroeira, festa que se estende e prolonga por uma semana, durante a qual é celebrada a novena, havendo, na véspera, a tradicional Procissão de Velas. No dia 15 é a missa solene, seguida de uma ancestral e já tradicional procissão, durante a qual muitas pessoas, da ilha e de fora, pagam as suas promessas, em virtude de graças obtidas por intercessão de Nossa Senhora dos Milagres. A igreja, onde se venera a Virgem, a única existente no Corvo, é a substituta do primeiro templo erguido na ilha e que seria uma simples ermida, de pequenas dimensões, na qual os corvinos cumpriam o seu preceito Pascal, para o que se deslocava ao Corvo, anualmente, pela altura da Quaresma, um clérigo da vizinha ilha das Flores. Esta ermida foi destruída durante a incursão de piratas da Barbária à ilha, em 1632, a partir da altura em que a imagem de Nossa Senhora passou a ser referida como Senhora dos Milagres. No entanto, em 1674 o lugar do Corvo foi elevado a paróquia. Nessa ocasião cuidou-se de erguer uma igreja paroquial, dedicando-a a Nossa Senhora dos Milagres e dotando-a com um vigário, um cura e tesoureiro. O actual templo foi reedificado em 1795, sendo consumido por um violento incêndio em 1932, no qual se perderam riquíssimas alfaias. Salvou-se, entretanto, a imagem de Nossa Senhora dos Milagres, que a tradição refere ter sido encontrada no mar. O templo foi restaurado em seguida. Trata-se de um edifício erguido em alvenaria de pedra rebocada e pintada de branco, à excepção do soco, dos cunhais, da cornija e das molduras dos vãos, pintados de cor cinzenta. Na fachada principal, de frontaria simples, destaca-se um portal axial encimado por uma moldura. No interior desta existe uma placa de pedra com a data de "1795", data da primeira construção, ladeada por duas janelas. É rematada por um frontão encimado por uma cruz em pedra. A cobertura apresenta-se com duas águas e coberta por telha de meia-cana de produção industrial. No exterior, pelo lado direito ergue-se a torre sineira, de planta rectangular. Nela se rasgam os vãos do campanário em arco de volta perfeita, e é encimada por um coruchéu facetado com pináculos sobre os cunhais. Internamente apresenta uma única nave, dotada de sacristia e de um baptistério localizado do lado da epístola. O púlpito encontra-se localizado do lado do Evangelho. Ao fundo da nave encontram-se dois altares, um sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo, o do lado do Evangelho e outro do Sagrado Coração de Jesus, este do lado da Epístola.

A imagem da padroeira é Nossa Senhora dos Milagres, de origem flamenga, e remonta ao século XVI. De acordo com a lenda local, a pequena imagem foi encontrada no mar. Destaca-se pelo seu talhe e pelos magníficos adornos com que foi dotada ao longo dos séculos: coroa e rosário de ouro, capas e mantos de seda recamados de ouro.

Em meados do século passado, quase todos os anos, por altura da Festa da Senhora dos Milagres, partiam de varias localidades das Flores, lanchas com peregrinos, geralmente acompanhadas de uma Filarmónica para participar na mais importante e maior festa da ilha vizinha. Uma dessas lanchas partia da Fajã Grande, pois muitas pessoas tinham os seus amigos e “conhecidos” no Corvo, em casa de quem se hospedavam. Corria o ano de 1942. Muitos peregrinos da Fajã decidiram, mais uma vez ir ao Corvo, à festa da Senhora dos Milagres, fretando o gasolina “Senhora das Vitórias”, conhecida pela “Francesa”. Partiram, na tarde do dia treze de Agosto, com algum atraso e a embarcação chegou ao Corvo, já noite escura. Ao aproximar-se da ilha, o mestre viu uma luz em terra e, cuidando que era o pequeno farol que indicava o porto, rumou a terra. Infelizmente a luz não era a do farol, nem o porto era ali e “A Senhora das Vitórias” enfiou-se, precipitadamente e de rompante, sobre as baixas dos Laredos, abrindo um enorme rombo a meio, enchendo-se de água e provocando grande pânico entre os passageiros. A confusão foi geral, a precipitação tremenda e o terror gigantesco. Não havia luz alguma, por ali perto, cada qual procurava salvar-se e salvar os seus familiares que a muito custo encontravam ou nem chegavam a encontrar, acabando por perder a vida neste acidente dezasseis passageiros e ainda um dos proprietários da embarcação. As autoridades e os responsáveis pelos destinos da ilha, com os limitadíssimos recursos e meios de salvamento que dispunham, tentaram recolher os náufragos e prestar auxílio às vítimas. O local, porém, era longe do povoado e de difícil acesso. Os meios de transportes nulos e os náufragos, quer os mortos quer os vivos, foram transportados a ombros. Havia apenas um médico na ilha. Após muito esforço conseguiram levar os mortos para a Casa de Espírito Santo do Outeiro, onde foram estendidos no chão, sem lhe serem prestados os primeiros socorros, não sendo, provavelmente, assistidos da melhor forma.

A festa da Senhora dos Milagres do Corvo de 1942 e o desastre que a antecedeu, ainda hoje perdura na memória de todos os que demandam a mais pequenina ilha açoriana, neste dia em que festeja a sua padroeira, a Senhora dos Milagres.

 

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publicado por picodavigia2 às 15:55

PRIMEIROS POVOADORES DO CORVO

Segunda-feira, 30.06.14

Antão Vaz Homem terá sido o primeiro homem a desembarcar na pequenina ilha do Corvo, a fim de aí se fixar, iniciando o povoamento da mesma. Rezam as crónicas que a ele se seguiram os irmãos Barcelos, mas tanto o primeiro como estes dois últimos não conseguiram atrair mais ninguém para a ilha, nem sequer ali se fixar, pelo que, algum tempo depois, abandonaram a ilha, embora lá mantivessem alguns interesses materiais que, mais tarde, deixaram aos seus descendentes.

Assim os primeiros povoadores efectivos do Corvo terão sido escravos anónimos, para ali enviados pelo seu amo e senhor, Dom Gonçalo de Sousa, capitão-donatário das Flores que para aquela espécie de ilhéu deserto os mandou, a fim de cultivarem a terra e vigiarem e cuidarem os seus muitos gados ali lançados, sobretudo ovelhas, de que extraíam lã e faziam muitos panos. Com eles viviam os arrendatários da ilha durante o tempo de vigência do contrato de arrendamento.

Com o passar dos anos, porém, o Corvo foi-se povoando de outra gente efectiva que acabaria por absorver os escravos. Eram os filhos e os netos dos primeiros povoadores das Flores que, atraídos pelos arrendatários do Corvo, lá foram morar e se multiplicaram a ponto de em 1645, segundo Frei Diogo Chagas, “já haver população a mais no ilhéu”.

Segundo alguns cronistas da época, esta gente era muito humilde, por isso nunca referem os seus nomes. Mas Gaspar Frutuoso fala num João Roiz Serpa, rendeiro da ilha e homem fidalgo que agasalhou os náufragos do galeão maranhense em meados do século XVI, enquanto Frei Diogo Chagas se refere a mais gente, mas ninguém natural da ilha, destacando dois: o primeiro pároco da ilha, Agostinho Ribeiro, natural da Madeira, que, mais tarde, seria o primeiro bispo de Angra e o vigário, Bartolomeu Tristão, natural do Faial.

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publicado por picodavigia2 às 20:42

MORFOLOGIA DO CORVO

Sábado, 21.06.14

O Corvo é uma montanha, que se eleva do mar e cujo ponto mais alto é o Morro dos Homens, com mais de setecentos metros de altitude. No seu interior, a norte, existe uma caldeira com 5,5 quilómetros de circunferência e 250 metros de profundidade conhecida por “o Caldeirão”. Lá dentro pontilham alguns pequenos ilhéus, nos quais muitos acreditam ver pequenas representações ou símbolos das restantes ilhas açorianas. Além desta elevação destacam-se ainda: a Lomba Redonda, a Coroa do Pico, o Morro da Fonte, o Espigãozinho e o Serrão Alto.

Frei Diogo Chagas descreve assim a ilha do Corvo: “É muito alta, e toda descoberta, e redonda como uma bola; pode ter uma légua de grandeza em quadra; é toda um castelo cercado de rochas muito altas, não íngremes a pique mas lançantes, e em poias que vai fazendo, subindo sempre para terra, de modo que faz maior pé do que em coroa; e assim que andando-se em roda por terra em menos de meio dia, por mar há-de se gastar mais de um dia. Não é nestas terras altas toda chã, e plana mas de lombas, ladeiras, e varges. Não tem pico desigual porque toda ela é um pico”.

Na parte sul da ilha ficam umas terras baixas limitadas por duas pontas, uma a nordeste e outra a noroeste. Nestas terras baixas, segundo Diogo Chagas, se estabeleceram os primeiros colonizadores. O acesso a terra é relativamente difícil e praticamente limitado a três pontos: Porto da Casa, Pesqueiro Alto e Boqueirão – e mesmo assim só em dias de mar calmo. Tal como nas Flores, também à volta do Corvo há alguns ilhéus, pontas e baixios. Porém esta ilha é mais pobre em água do que a sua vizinha porque tem poucas ribeiras e fontes. Os seus povoadores tiveram de a conduzir desde a serra até ao povoado cavando um canal para o efeito. No ano de 1645 já o Porto das Casas estava servido dessa água e com ela, segundo os relatos de Diogo Chagas, se abasteciam as naus que ali aportavam para aguada. Em alternativa os navios e as naus também se podiam abastecer da água que brotava de uma rocha para o mar, a norte do Pesqueiro Alto.

A ilha tem de superfície cerca de 17 km², com 6,5 km de comprimento por 4 km de largura e dista cerca de 10 milhas da ilha das Flores. Além desta elevação destacam-se ainda: a Lomba Redonda, a Coroa do Pico, o Morro da Fonte, o Espigãozinho e o Serrão Alto.

Por sua vez, o litoral é alto e escarpado, constituindo o cone central do vulcão, com excepção da parte Sul, onde numa fajã lávica se estabeleceu a Vila do Corvo, a única povoação da ilha. A escarpa oeste, com uma falésia quase vertical com cerca de 700 m de altura sobre o oceano, é uma das maiores elevações costeiras existentes no Atlântico. As terras imediatamente em redor da única povoação da ilha e uma pequena zona abrigadas na costa leste (as Quintas e Fojo) são as únicas em que é possível praticar a agricultura e manter algumas árvores de fruto. As melhores pastagens para o gado ficam mais para norte, nas chamadas Terras Altas, onde se construíram os tradicionais palheiros.

A ilha localiza-se sobre a placa tectónica norte americana, a oeste do rifte da Crista Média Atlântica, edificada sobre fundo oceânico com cerca de 10 milhões anos e dizemos especialistas que corresponde a um vulcão do tipo central, que começou a emergir há cerca de 730 mil anos. O colapso da cratera terá ocorrido há 430 mil anos. Antes da formação da cratera, estima-se que o cone central teria cerca de 1 000 metros de altitude.

O Corvo enfrenta uma erosão contínua provocada pelos ventos dominantes de nordeste e oeste. As vertentes do vulcão encontram-se parcialmente preservadas nos flancos Sul e Leste, muito reduzidas pelo recuo das arribas litorais a norte e completamente ausentes a oeste. O recuo das arribas já alcançou o bordo oeste da caldeira. Na vertente sul, sobressaem cones secundários – Coroínha, Morro da Fonte, Grotão da Castelhana e Coroa do Pico – que se encontram bem preservados da acção erosiva, responsáveis pelo derrames basálticos que formaram a fajã lávica.

A extremidade noroeste da ilha constitui a Ponta Torrais, saliente e notável, em espinhaço aguçado e com cristas pontiagudas, tendo na sua face norte um pequeno ilhéu cónico, o ilhéu dos Torrais. Na costa norte e noroeste existe outro pequeno ilhéu, o Ilhéu do Torrão, e alguns recifes submersos perigosos para a navegação.

 

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publicado por picodavigia2 às 18:34

O FORTE DO CORVO

Domingo, 01.06.14

As ilhas dos Açores desde os primórdios do seu povoamento sentiram a necessidade de defender-se contra os assaltos de piratas e corsários, atraídos não só por víveres mas também pelas riquezas das embarcações que aportavam às ilhas, oriundas da África, da Índia e do Brasil. Assim, desde de em meados do século XVI se iniciou um esquema de fortificação, apresentado a D. João III de Portugal, em que se reclamava a importância estratégica do arquipélago:

Assim se oram construindo vários fortes militares em todas as ilhas, nomeadamente nas doo grupo ocidental, mais isoladas e consequentemente mais expostas aos ataques de piratas e corsário e que se situavam nos portos e ancoradouros, guarnecidos pelas populações locais sob a responsabilidade dos respectivos concelhos.

No Corvo notabilizou-se um forte conhecido por “Forte de Nossa Senhora dos Milagres” localizado no porto da Calheta, junto à Vila Nova do Corvo, na costa sul da ilha. Em posição dominante sobre este trecho do litoral, tratava-se de um forte destinado à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

O forte foi erguido em data indeterminada, sabendo-se apenas que terá ocorrido entre os séculos XV e XVIII, muito provavelmente no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola, ocorrida entre os de 1702 e 1714. O forte é referido em vários documentos como "O Forte de Nossa Senhora dos Milagres no porto da Calheta." E consta da relação de "Fortificações nos Açores existentes em 1710".

Terá tido parte preponderante na resistência da população ao assalto de piratas da Barbária em 1714. Na ocasião este foi rechaçado com o recurso ao lançamento de um ajuntamento de gado pelas ruas da povoação. A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862, acerca da ilha diz o seguinte: "Nesta Ilha apenas existem os vestígios d'alguns pontos fortificados. Pela pouca importância militar da Ilha não merece ter fortificações."

Lamentavelmente nem a estrutura deste forte, nem sequer vestígios do mesmo chegaram até aos nossos dias, dispondo-se apenas de referências documentais escritas.

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publicado por picodavigia2 às 16:47

A SENHORA DOS MILAGRES DO CORVO

Sábado, 26.04.14

A padroeira de Vila Nova do Corvo é a Senhora dos Milagres, cuja festa se celebra a 15 de Agosto. A padroeira da vila e da ilha está representada, na igreja paroquial, por uma pequenina imagem de Nossa Senhora, que se diz dos Milagres e que, segundo a tradição, terá chefado à ilha juntamente com os primeiros povoadores. Felizmente, por vontade explícita do povo, até hoje, nunca foi substituída por outra maior e, sobretudo, mais bonita, como, infelizmente, aconteceu, ao longo dos séculos, em muitas igrejas e ermidas das restantes ilhas e do próprio continente. Trata-se, na realidade, da conservação secular, de uma obra de arte da escultura religiosa do século XV, trazida pelos primeiros povoadores da mais pequenina ilha açoriana.

Dizem os estudiosos da arte sacra que esta imagem, muito possivelmente, será de origem flamenga, tendo, nos primeiros anos do povoamento, sido invocada como Nossa Senhora do Rosário, primeiro nome da única paróquia existente no Corvo.

Uma lenda, ainda hoje muito divulgada e presente na crença popular, explica a mudança da invocação de Nossa Senhora do Rosário para Nossa Senhora dos Milagres. Segundo essa lenda, quando a ilha foi invadida por piratas que tentavam saquear a população, retirando-lhe os seus bens, levando os jovens como escravos, violando donzelas, roubando e destruindo tudo, os corvinos, bravos e destemidos, invocando a Virgem sua padroeira, conseguiram afastá-los e assustá-los de tal maneira que os facínoras regressaram a bordo dos seus navios e fugiram. Alguns pereceram à defesa dos corvinos, tendo um deles sobrevivido. Ao ser recolhido pela população, contou que em cima da rocha, junto ao mar, havia uma mulher na qual as balas das suas armas faziam ricochete e voltavam para eles, atingindo-os. Esta mulher, segundo o povo cuidou, era a Virgem, sua padroeira, que assim, miraculosamente, os protegeu e defendeu, pelo que o povo passou a invocá-la como Senhora dos Milagres.

Consta que a partir de então, como agradecimento e prece, invocando a protecção de Nossa Senhora dos Milagres, no Corvo, todos os dias, antes da missa, se reza o Rosário, em honra de Nossa Senhora.

Ao longo dos anos, muitas têm sido as promessas feitas à Virgem, Senhora dos Milagres, sobretudo pelos inúmeros emigrantes que se fixaram na América e no Canadá. A Padroeira do Corvo possui um rico tesouro em ouro, composto por duas coroas, uma para a Senhora e outra para o Menino, e ainda um preciosíssimo rosário também em ouro. Segundo uma outra lenda, este rosário terá sido oferecido à Virgem, pelo célebre pirata Almeidinha, que era amigo do pároco do Corvo e através dele das suas gentes e como sinal da sua amizade ofertou esta relíquia a Nossa Senhora.

Este pirata era tão amigo do padre que na altura paroquiava a ilha e que seria natural de São Jorge, conhecido como o padre Queixudo, devido a exagerado formado do seu queixo que lhe dava um aspecto feio. Segundo alguns historiadores, o padre Queixudo " paroquiava a ilha do Corvo na data 1819-20” altura em que terá decorrido o episódio com o pirata Almeidinha que, numa das suas escalas na ilha, não encontrando o padre Queixudo, soube que este tinha sido preso por ordens de El-rei, devido às suas relações de amizade com os piratas. O pirata Almeidinha, então, deixou dinheiro a fim de  com ele se pagar o resgate e, assim, conseguir o regresso à ilha do bondoso sacerdote.

À festa da Senhora dos Milagres, deslocava-se, antigamente, muita gente das Flores, inclusivamente da Fajã Grande, de onde, quase todos os anos, se o tempo estivesse bom, partia uma lancha a abarrotar de pessoas, tendo-se verificado, em 1942. Um grave desastre onde perderam a vida dezassete pessoas.

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publicado por picodavigia2 às 22:05

A INEXAURÍVEL SINGULARIDADE DO CORVO

Quinta-feira, 13.02.14

Localizadas sobre a placa tectónica norte americana e edificadas, conjuntamente, sobre um fundo oceânico com cerca de dez milhões de anos, as Flores e o Corvo, quais irmãs gémeas, emergem, paradoxalmente, do mesmo banco submarino. Unidas no espaço, estiveram também sempre lado a lado no tempo, desde que os seus descobridores as encontraram e os seus primeiros povoadores penetraram por elas dentro, desbravando, cultivando, construindo e edificando. Além disso, as duas ilhas do grupo ocidental açoriano permanecem unidas uma à outra, por ligações marítimas, outrora mais espaçadas, rudimentares e lentas, hoje mais rápidas, seguras e sofisticadas. Por isso ir às Flores e não realizar uma visita ao Corvo é como que “ir a Roma e não ver o Papa”. O “Ariel” em carreiras diárias, regulares, os barcos da “Maré Ocidental” e de outras empresas, em viagens ocasionais ou fretados, permitem fazer uma visita, suficientemente prolongada, à mais pequenina e singular ilha açoriana – o Corvo.

Nas idas e vindas de uma ilha para a outra, pelo menos a bordo do “Avô Augusto” e graças aos seus experientes marinheiros, netos do “lobo do mar” José Augusto, é possível parar a meio do canal para observar uma infinidade de golfinhos que saltitam, acompanhando o circular da embarcação, em graciosas e variadas acrobacias e tornear o noroeste da magnífica costa florentina, entre a Ponta Ruiva e Santa Cruz, e entrincheirar-se por entre os inúmeros ilhéus que por ali proliferam. Também é possível observar as magníficas grutas com solo de água e tecto de lava e aproximar-se dos penhascos e ravinas entrecortados por quedas de água a despejarem-se sobre o Oceano. Uma verdadeira maravilha da natureza!

A chegada ao Porto da Casa, no Corvo, consubstancia uma singeleza que ainda torna mais singular a singularidade inexaurível desta ilha anã, estampada quer na simplicidade e idiossincrasia dos corvinos que esperam sobre o cais ou se sentam nas soleiras das portas das estreitas ruas da vila, quer na brancura das casas de portas escancaradas dia e noite ou destrancadas com fechaduras de madeira, quer ainda no emaranhado e estreiteza das principais e mais antigas vielas, ou até nos campos e belgas que as circundam ou nos desabitados palheiros que proliferam já nos matos, a caminho do Caldeirão. Trata-se duma ampla cratera de abatimento e onde se aloja uma, maravilhosamente bela lagoa, no fundo da qual se podem observar várias pequenas "ilhotas", umas compridas, outras redondas e onde, com um bocadinho de imaginação, se podem observar as nove ilhas açorianas. Lá ao fundo, no rebordo do Caldeirão, o ponto mais alto da ilha, o Morro dos Homens, com 718 metros de altura acima do nível médio do mar e, embora menos altos, mas ali bem perto, porque naquela inexaurível pequenez nada é longe e nada é perto, outros montes, onde se destaca o célebre e históricoMarco. Depois e mais a leste, as Quintas e o Fojo, as zonas mais altas do Corvo, onde se pratica a agricultura e cultivam algumas árvores de fruto. Por sua vez, as melhores pastagens para o gado ficam mais para norte, nas chamadas Terras Altas. Curiosamente uma parte desta zona de pastagens, ainda hoje, é de uso comunitário.

No regresso, impõe-se um passeio a pé, pela Vila do Corvo, localizada numa fajã lávica, a Sul e voltada para as Flores. A Vila do Corvo, que forma o concelho com o mesmo nome, é a mais pequena vila açoriana, com apenas 430 habitantes, de acordo com o Censos 2011. Única povoação da ilha, é constituída por um aglomerado de casas baixas com ruas estreitas e tortuosas que sobem as encostas, conhecidas localmente por canadas e possui o singular estatuto de ser o local habitado mais isolado de Portugal.

Do património arquitectónico existente na ilha, destaca-se a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, construída em 1795, que veio substituir uma primitiva ermida. No seu interior, podem admirar-se a estátua da padroeira, obra flamenga do século XVI, um Cristo em marfim e uma imagem em madeira de Nossa Senhora da Conceição, entre várias outras ali existentes. Além da igreja, é digna de ser visitada a Casa do Espírito Santo, no areópago da vila, o típico Largo do Outeiro, fundada a 1871, seguindo a traça arquitectónica das suas congéneres das Flores. Junto ao aeroporto ainda existem alguns interessantes e típicos moinhos de vento, classificados como imóveis de interesse municipal. Dos cerca de sete moinhos que existiram na ilha, apenas três se mantêm em funcionamento, embora já não sejam utilizados para o fim para que foram construídos. O casario da vila é um verdadeiro museu vivo, classificado pelo Governo Regional como conjunto de interesse público. Outro local de interesse é a “Cova da Junça” onde existe uma edificação protegida pelo Governo Regional dos Açores, cuja data de construção recua aos séculos XVII e XVIII, a qual faz parte do Inventário do Património Histórico e Religioso do Corvo. Trata-se de um silo subterrâneo, escavado no subsolo com forma de ânfora ou de talhão, tendo, muito provavelmente, sido usado em tempos idos com o objectivo de guardar os cereais, não só como forma de os conservar, mas também de os esconder quer dos piratas e corsários que assolavam a costa da ilha com frequência quer dos cobradores dos impostos do rei.

Foi toda esta inexaurível singularidade corvina que fez com que esta ilha fosse declarada no mês de Setembro de 2007 Reserva da Biosfera, pela UNESCO, na sequência de uma candidatura apresentada, para esse fim, pelo Governo Regional dos Açores.

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publicado por picodavigia2 às 09:34

A MINHA PRIMEIRA VISITA AO CORVO

Sexta-feira, 31.01.14

A primeira vez que fui ao Corvo, pese embora a sua proximidade das Flores, a minha ilha Natal, foi quando, viajando a bordo do velhinho Carvalho Araújo, regressava à Fajã Grande, após o meu primeiro ano no Seminário de Ponta Delgada. Um dos professores que viajava no mesmo navio, da Terceira para as Flores, era o Dr Américo Vieira, na altura professor e Director Espiritual do Seminário de Angra. O Dr Américo era natural das Lajes das Flores e filho do Senhor Pedro Vieira que era o “conhecido” dos meus avós maternos, nas Lajes. Nas Flores naqueles tempos recuados, sem estradas e com deslocações difíceis e demoradas, a saltar grotões e valados, a atravessar ribeiras sem pontes, a descer rochas e a subir ladeiras com veredas sinuosas, cada família tinha o seu “conhecido” nas outras freguesias da ilha. O “conhecido” era um amigo em cuja casa se pernoitava e tomava as refeições, a quando das deslocações a esta ou aquela freguesia, sobretudo, por altura das festas. Ora quando ia à Fajã Grande, à festa da Senhora da Saúde, o Dr Américo, embora se hospedasse no presbitério, ia sempre visitar os meus avós, os “conhecidos” da sua família naquela freguesia. Eu próprio já pernoitara com meu pai, em casa de um irmão dele, certa vez que viéramos às Lajes comprar uma vaca. Por isso mesmo o Dr Américo já me conhecia, pelo menos de vista,

Após o Carvalho fundear na baía do Porto da Casa, na Vila Nova do Corvo, o Dr Américo procurou-me e disse-me que como iria desembarcar nas Lajes, onde o Carvalho chegaria a meio da tarde, iria a terra, enquanto o navio fizia serviço, para celebrar missa, convidando-me para eu ir com ele, a fim de lhe ajudar à missa. Que me havia de pagar o bilhete de ida e volta a terra. Fascinou-me a ideia, não só por acompanhá-lo, mas também por viajar de graça e, sobretudo, por ter oportunidade de, pela primeira vez, visitar o Corvo.

Partimos na primeira barcaça e, logo ao chegar a terra, em cima do pequeno cais do Porto da Casa, estava o padre Eugénio Rita, pároco daquela ilha e único sacerdote ali residente.

Acompanhou-nos até à pequenina igreja matriz da Senhora dos Milagres, onde o Dr Américo celebrou missa, tendo no fim o padre Rita lhe pedido que o confessasse. Dizia ele, um pouco a brincar, que estando ali sozinho, na pequenina ilha do Corvo, só Deus sabia quando havia de morrer e que, por isso mesmo queria “estar preparado” e, por isso, aproveitava para “acertar as suas contas com Deus” sempre que por ali passava outro sacerdote, o que, por vezes, quase só acontecia de ano a ano. Muita fé tinha este homem!

De seguida levou-nos a sua casa, onde a irmã nos serviu um excelente pequeno-almoço, no qual não faltou leite fresco, doces caseiros, queijo e bolo do tijolo de que eu tanto gostava, Depois conduziu-nos numa visita pela vila, com paragem no Outeiro, a mais mítica praça da Vila Nova do Corvo, onde os homens, mais velhos se reuniam todos os dias para descansar, para fumar, para falquejar, para conversar e, nas ocasiões mais solenes, numa estranha forma de gerontocracia, para tomar decisões e fazer julgamentos em nome de toda a população da ilha.

De origem vulcânica como as restantes, o Corvo é a menor das nove ilhas açorianas, com uma área de cerca de 17 km2 e uma população de quase meio milhar de habitantes. Na ilha do Corvo havia apenas uma localidade povoada, a Vila Nova do Corvo, que era considerado o mais pequeno município do arquipélago e o único do país que não tem freguesia. A área habitada da ilha era essencialmente formada por uma rua principal e várias travessas muito estreitas e sombrias, designadas por canadas – um imbricado de ruelas irregulares, de pavimentação grosseira que constituem um conjunto pitoresco e invulgar no contexto do arquipélago. Os vários cones vulcânicos, com lendas que procuram dar sentido ao desconhecido e que se vim ao longe, as casas invulgarmente próximas umas das outras e voltadas para o mar, procurando o aconchego dos vizinhos e a presença, lá ao fundo, da ilha das Flores, a vastidão do horizonte, a vida simples e calma daquela pequena comunidade não só me encantaram como me haviam ficar na memória e perdurar até que ali regressasse muitas outras vezes.

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publicado por picodavigia2 às 13:54

RESENHA HISTÓRIACA SOBRE O CORVO

Sexta-feira, 27.12.13

A distância que separa as Flores e o Corvo das restantes ilhas açorianas teve como consequência que o seu descobrimento e subsequente povoamento só tivessem ocorrido com um desfasamento temporal relativamente às restantes ilhas. Muito provavelmente, terá sido o navegador Diogo de Teive a descobri-las, no seu regresso de uma viagem ao Banco da Terra Nova, no ano de 1452. No entanto, subsistem algumas dúvidas em relação a quem terão sido os seus primeiros senhorios.

Alguns documentos provam que a ilha do Corvo deverá ter sido doada a D. Afonso, Duque de Bragança e Conde de Barcelos. Mas a primeira referência fiável da doação da ilha do Corvo indica que D. Afonso V a doou a Fernão Telles, tendo depois, assim como a das Flores, pertencido às famílias Teive, Telles, Fonseca, Mascarenhas e, finalmente à Coroa.

Os Teive tiveram como única acção lançarem gado nas duas ilhas, não mostrando grande interesse no seu povoamento; com efeito, é apenas perto do fim da época dos Telles que se verifica a primeira tentativa de povoamento das Flores por parte do flamengo Guilherme da Silveira, que, no entanto, veio a abandonar a ilha, algum tempo depois.

Em 1507, as duas ilhas ainda eram dadas como despovoadas e, por volta de 1508-1510, Antão Vaz e Lopo Vaz, residentes na Terceira, chegaram a acordo com João da Fonseca para se instalarem respectivamente no Corvo e nas Flores. Assim, muito provavelmente, os primeiros colonos terão vindo da Terceira e, eventualmente, também da Madeira. No entanto, Antão Vaz terá regressado à Terceira em 1515 e seriam três irmãos de apelodo Barcelos a tentar novo povoamento, que voltou a fracassar.

Em 1548, Gonçalo de Sousa foi confirmado como senhorio das duas ilhas e enviou para o Corvo escravos da sua confiança que cultivavam a ilha e criavam gado. Passados mais alguns anos foram das Flores para o Corvo mais habitantes que foram atraindo outros, e multiplicando-se com os que de novo nela iam nascendo.

Segundo Gaspar Frutuoso, em finais do século XVI, havia no Corvo vinte vizinhos que viviam em casas palhaças e eram rendeiros e escravos negros e mulatos. Sabe-se, pois, que apenas no último quartel do século XVI, praticamente um século passado desde o seu achamento, se verifica o povoamento definitivo da ilha do Corvo e que nos anos seguintes à descrição de Gaspar Frutuoso, se tenha verificado um aumento gradual da população devido a uma maior e melhor exploração agrícola dos terrenos da ilha.

 É, pois, num quadro de relativa prosperidade que o Corvo se encontra quando, juntamente com as Flores, passa para a posse dos Mascarenhas em 1593prosperidade que havia de decair com a crise que progressivamente se foi agravando nos anos seguintes e que só terminou em meados do século XIX.

Os escassos contactos com o exterior obrigaram a que na ilha do Corvo se gerasse uma espécie de sistema de auto-abastecimento alimentar. Gaspar Frutuoso aponta o facto de, durante muito tempo, não haver no Corvo uma embarcação: quando era necessária a sua vinda da ilha das Flores eram feitos sinais de fumo. Assim, o raro comércio era efectuado através da ilha vizinha que, normalmente, só tinha ligação marítima com as restantes ilhas apenas entre Março e Setembro, altura em que as condições atmosféricas eram mais favoráveis. Por aqui se pode ver até que ponto tinha a ilha de ser auto-suficiente. Porém, a partir da 1850, o Corvo começou a progredir, os seus habitantes a dedicar-se ao cultivo das suas terras e â criação dos seus gados, obtendo não só o necessário para o seu sustento e vestimenta, mas ainda para fornecimento de alguns navios que ali aportam frequentemente. Factor indiciador dessa melhoria de vida é o das casas, já antes de 1870, serem todas cobertas de telha. Deve salientar-se ainda a existência, desde 1845, de uma escola primária masculina e, em 1871, o facto de ter começado a haver ensino nocturno para adultos. Além disso, a população também aumenta, de 800 habitantes em 1842, para atingir o seu máximo em1878 - 880 habitantes. No último quartel do século XIX, porém, volta a verificar-se um decréscimo da população em cerca de 9%. Tal facto deve-se à emigração que começa a verificar-se, sobretudo para os Estados Unidos, não apenas no Corvo mas em todo o arquipélago dos Açores. É essa mesma emigração que se torna o factor determinante na oscilação demográfica do Corvo durante o século XX, uma vez que no início do século a população corvina era de 808 habitantes e nos censos de 2001 era de 430.

 

NB – Dados retirados do “Inventário do Património Imóvel dos Açores” IAC

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publicado por picodavigia2 às 11:37

O PADRE LEONETE DO CORVO

Quinta-feira, 19.12.13

Na década de cinquenta, quase todos os anos vinha uma embarcação com romeiros do Corvo, com destino à festa da Senhora da Saúde, na Fajã Grande. O inverso também acontecia, isto é, por altura da festa da Senhora dos Milagres, uma outra embarcação seguia da Fajã, a abarrotar de peregrinos, com destino à ilha vizinha. Este intercâmbio era tão excessivo, tão gratificante e tão entusiasmador que quase todas as casas da Fajã tinham os seus “conhecidos” no Corvo, assim como as do Corvo os tinham na Fajã, hospedando-se uns nas casas dos outros, a quando das suas deslocações a festas e romarias. Nem mesmo o trágico acidente ocorrido em 1942 em que perderam a vida dezasseis pessoas quase todas oriundas da Fajã Grande, pôs cobro ou sequer acalmou tão enraizada euforia.

A comitiva do Corvo que se deslocava à Fajã, para além de muito numerosa, trazia, geralmente, a filarmónica e um padre. Este chamava-se Leonete e era esperado sempre com grande expectativa e interesse na Fajã Grande. Estranhamente hospedava-se, na Tronqueira, em casa do seu “conhecido” José Maria, abdicando, radicalmente, talvez por não granjear de grande simpatia entre o clero da diocese, em geral, e das Flores em particular, de se hospedar na mansão do padre Pimentel, que recebia e dava guarida a todos os sacerdotes que se deslocavam de outras paróquias a fim de ajudarem naquela festa. Além disso, o padre Leonete, nos dias em que permanecia na Fajã, mal tinha tempo para rezar ou celebrar missa, julgando-se mesmo que estava impedido de o fazer, uma vez que passava todo o dia a concertar e a reparar toda a maquinaria que estivesse avariada na Fajã Grande, sobretudo relógios, sem levar dinheiro a ninguém. Uma autêntica dádiva de Deus, este padre Leonete.

Leonete Vieira do Rego, natural de São Miguel fez a sua formação no Seminário de Angra, tendo, de seguida e durante algum tempo, trabalhado como mecânico numa oficina de Ponta Delgada. Nessa altura ainda não tinham surgido “os padres operários” em França, pelo que a atitude do padre Leonete não agradou ao prelado diocesano. Este, cuidando que esse tipo de trabalho era incompatível com a prática de vida sacerdotal, tentando demovê-lo dessa actividade laica e pretendendo que se dedicasse exclusivamente ao serviço de Deus, enviou-o para o Corvo, talvez por pensar que aí não havia máquinas, nem motores com que padre Leonete se entretivesse. Mas enganou-se, o mais alto dignatário da Igreja nos Açores. É que isso em nada demoveu a vocação para a mecânica do padre Leonete que terá comprado e levado de São Miguel para o Corvo o motor de um carro velho, reparando-o e construindo com ele um pequeno gerador que serviu para iluminar a igreja e os arraiais das festas, naquela ilha. Uma novidade extraordinária! Nunca tal se tinha visto, no Corvo! Um sucesso nunca alcançado pelos corvinos! E o padre Leonete entrou em órbita de grandiosidade e de glorificação, junto do povo. Mas não se ficou por aqui. Com outro motor velho construiu uma debulhadora destinada a ajudar os corvinos na debulha do trigo e comprou um jipe destinado a acarretar e transportar o trigo e outros produtos. Mais o glorificaram e o louvaram os seus paroquianos, dando graças a Deus por lho ter enviado. Além disso as reparações de todo o tipo de maquinaria estavam sempre por sua conta, não apenas no Corvo mas também nas Flores quando ali se deslocava, como acontecia todos os anos pela festa da Senhora da Saúde, na Fajã Grande. Acrescente-se que todo este trabalho, segundo rezam as crónicas, era gratuito, embora o povo das duas ilhas, reconhecido como é pelo bem que lhe fazem, lhe retribuísse ofertando-lhe algo do que produziam nos seus campos.

Conta-se que na freguesia de Ponta Delgada das Flores, o padre Leonete com um pequeno motor, também construiu um gerador para iluminar nas festas do Espírito Santo e de Santo Amaro, com um pequeno motor a que ligava uma serra disco que servia para a iluminação e para a projecção de filmes. Para lhe pagar, os habitantes daquela freguesia mandavam-lhe barcos carregados de lenha que apanhavam nas barrosas e que o Padre Leonete, no Corvo, mandava serrar e, transformando-a em madeira, enviava-a de novo para as Flores para o povo a vender, ganhando assim algum dinheiro.

Mas o que imortalizou o padre Leonete no Corvo foi o ter sido ele o responsável pela chegada da electricidade àquela pequenina e isolada ilha, em plena década de cinquenta do século passado.

Mais tarde e porque os trabalhos de mecânica do padre Leonete, mesmo no Corvo, provavelmente, continuaram a não ter o beneplácito bispo da diocese, o padre Leonete foi desterrado como missionário para Timor, onde terá chegado a dar aulas de mecânica, sendo no entanto obrigado a sair daquele território, na altura sob a dominação portuguesa, a quando da invasão do mesmo pela Indonésia, refugiando-se na Austrália. Apesar de tudo ainda voltou ao Corvo onde veio a falecer.

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publicado por picodavigia2 às 08:52

A VIZINHA ILHA

Quinta-feira, 17.10.13

A vizinha ilha do Corvo, a menor das ilhas do Arquipélago dos Açores, a ilha liliputiana, como alguém, recentemente, a cognominou, localiza-se no Grupo Ocidental, a norte da Ilha das Flores, frente a Ponta Delgada, Cedros e Ponta Ruiva.

O Corvo tem apenas um povoado, Vila Nova do Corvo, e é o único dos concelhos da República Portuguesa que não tem qualquer freguesia, já que, nos termos do artigo 136.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, este nível de divisão territorial não existe na ilha do Corvo, facto desconhecido por muitos. Politica e administrativamente, as funções dos órgãos de freguesia são assumidas pelos correspondentes órgãos municipais.

A ilha ocupa uma superfície de cerca de 17 km², com 6,5 km de comprimento por 4 km de largura. Praticamente tem uma única estrada que une a Vila ao mítico local do Caldeirão, vestígio de uma antiga cratera, cujo fundo é um lençol de água, povoado por algumas ilhotas que, para os corvinos, personificam as ilhas do arquipélago

O Corvo dista das Flores, entre 13 milhas a 10 milhas náuticas, neste caso a partir da freguesia de Ponta Delgada. A ilha é formada por uma única montanha vulcânica extinta - o Monte Gordo, coroado com a cratera de abatimento, acima referida, chamada localmente de Caldeirão, com 3,7 km de perímetro e 300 metros de profundidade e onde se aloja a Lagoa do Caldeirão. Nela se podem observar várias lagoas, turfeiras e pequenas "ilhotas”. O ponto mais alto da ilha é o Morro dos Homens no rebordo sul do Caldeirão, com 718 metros de altura acima do nível médio do mar. Além desta elevação destacam-se ainda: a Lomba Redonda, a Coroa do Pico, o Morro da Fonte, o Espigãozinho e o Serrão Alto.

Todo a costa litoral do Corvo é alta e escarpada, constituindo o cone central do vulcão, com excepção da parte Sul, onde, numa fajã lávica e de rara beleza, se estabeleceu a Vila Nova do Corvo. A escarpa oeste, com uma falésia quase vertical com cerca de 700 m de altura sobre o oceano, é uma das maiores elevações costeiras existentes no Atlântico.

As terras imediatamente em redor da única povoação da ilha e uma pequena zona abrigadas na costa leste, nas chamadas Quintas e Fojo são as únicas em que é possível praticar a agricultura e manter algumas árvores de fruto. As melhores pastagens para o gado ficam mais para norte, nas chamadas Terras Altas.

Na enseada sul, denominada Enseada de Nossa Senhora do Rosário, existem três cais de desembarque – o Porto Novo, já em desudo, o Porto do Boqueirão e o Porto da Casa, o maior e o único utilizado no tráfego comercial. O Portinho da Areia, no extremo oeste da pista do aeroporto, é o único areal da ilha e a sua principal zona balnear. Possui uma excelente praia, infelizmente muito pouco aproveitada.

O clima do Corvo é muito semelhante ao das Flores, húmido e com uma elevada precipitação média anual, mas ameno, embora ventoso, mas com temperatura agradável Nas zonas altas, onde se cria o gado bovino e ovino e onde existem os tradicionais palheiros, os nevoeiros são quase permanentes. A agitação marítima, particularmente do quadrante oeste, é muito elevada, resultando numa elevada erosão costeira.

Juntamente com as Flores, o Corvo localiza-se sobre a placa tectónica norte americana, a oeste do rifte da Crista Média Atlântica, edificada sobre fundo oceânico com cerca de 10 milhões de anos. Ambas estas ilhas emergem do mesmo banco submarino.

 

NB – Dados retirados da Wikipédia

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publicado por picodavigia2 às 16:05

A LENDA DA ESTÁTUA DO CORVO

Segunda-feira, 07.10.13

Conta uma antiga lenda que, ainda antes da ilha do Corvo ser habitada, alguns navegadores portugueses, os primeiros que por aquelas bandas passavam e que, partindo de Lisboa, navegavam para Ocidente, na procura de novos mundos, avistaram, ao lado de uma ilha maior, uma outra mais pequena e que, mais tarde, viria a ser chamada de Ilha do Corvo. Movidos pela curiosidade, pois aquela ilha era totalmente desconhecida, aproximaram-se de terra e, para espanto e pasmo seu, viram, bem lá no alto da pequena ilha, no lugar hoje chamado de “Ponta do Marco”, a estátua de um cavaleiro, montado em seu cavalo. Este apoiava-se nas patas traseiras, tendo as dianteiras levantadas no ar, como se estivessem a apontar para o noroeste, ou seja para frente, precisamente na direcção onde os navegadores cuidavam que, seguindo-a, haviam de descobrir o caminho que os levaria ao tão almejado Novo Mundo. O cavaleiro, por sua vez, vestia couraça e capuz, ostentava um elmo e empunhava uma espada num braço erguido. Ambos tinham sido esculpidos no basalto negro e vulcânico de que a ilha era formada.

A estátua equestre, no entanto, hoje já lá não está, pois, segundo a mesma lenda, terá sido mandada retirar dali, por El-rei D. Manuel I, a fim de ser levada para Lisboa, para a sua corte. No entanto, prossegue a lenda, ao ser transportada numa nau, esta, como que por castigo divino, naufragou perdeu-se por completo, nas profundezas do oceano, de onde nunca mais será retirada.

Dela apenas restam lendas, histórias e registos nas Crónicas de João III de Portugal e de Damião de Góis. Por esta razão também se terá chamado, primitivamente, à ilha do Corvo – “Ilha do Marco”.

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