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UOSTEROL OU O REI MALDITO

Quinta-feira, 13.02.14

Vários foram os chefes tribais, que, desde os tempos mais remotos e longínquos, se fixaram na serra Prada e impuseram, geralmente à força, regimes totalitários e despóticos, que massacraram, sacrificaram e, por vezes, quase destruíram a dignidade, a felicidade e a própria liberdade dos seus habitantes, os serranos pradenses. Esses régulos assumiam-se, geralmente, de forma disfarçada, como autênticos tiranos que apenas conheciam, tentavam impor e faziam vigorar dois princípios: o da força brutal e o da falsa superioridade. Leis draconianas foram promulgadas, ergástulos megalómanos construídos, imposições draconianas tomadas.

De todos estes pérfidos ditadores, sobressaiu, pela sua excessiva barbaridade e cônscio despotismo, um tal monarca, que o povo alcunhou de "Uosterol", epíteto originado a partir duma incorrecta pronúncia do inglês "The worst of all", ou seja, "O pior de todos". Tratava-se, na realidade, dum monarca que reinou alguns anos, num despotismo galopante e que, para saciar os seus caprichos e fanatismos desenfreados, terá desbastado, destruído e incendiado sete aldeias da serra, matando e arrasando as respectivas populações, só porque desconfiou que, numa delas, se encontrava refugiada uma jovem donzela, que fugira dos arredores do palácio real, quando se apercebeu que sua majestade a iria recrutar para o seu harém. A jovem foi degolada publicamente, ao mesmo tempo que eram destruídas todas as aldeias que, supostamente, lhe tinham dado acolhimento. Eu vou contar pra todos a história de um rapaz

Uosterol tinha, na realidade e desde sempre, a fama de ser um rei mau, perverso e maligno. O povo temia-o, apenas ao ouvir o seu nome. Para além de grosseiro, estúpido e violento, não gostava de alguém e nunca amou, de verdade, quem quer que fosse. Passava a vida em caçadas, duelos e batalhas, provocando mal-estar, tédio e, sobretudo terror, entre os seus súbditos.

Certo dia, porém, chegou à Serra, governada por Uosterol, um homem bom, digno e justo, mas valente e destemido. Com intenção de destruir o facínora e libertar o povo da tirania, dispôs-se a lutar contra o tirano. O povo tremeu e temeu, cuidando que o pior acontecesse. Mas como o homem era bravo e destemido, o povo aceitou que lutasse

Marcaram o duelo no cimo de uma montanha, longe do povoado, antes do pôr-do-sol. Todos já sabiam que um deles havia de morrer. O povo desejava que fosse o fim de Uosterol, pensando, assim, ver-se livre do facínora.

Subiram a montanha. Perante a coragem daquele homem, nesse dia, pela primeira vez, o Uosterol tremeu e teve medo. Nunca encontrara alguém que o desafiasse, que se lhe opusesse e que, sem medo algum, se dispusesse a lutar contra ele, rei poderoso e soberano invencível. Quem seria aquele desconhecido?

Uosteroç, durante a viagem de subida da montanha, entrou num bar bebeu. Bebeu tanto que perdeu a força tirânica, transformando-se num fraco, considerando-se, ele próprio, pela primeira vez na sua vida, um inútil imbecil.

Chegando ao cimo da montanha, ao lugar onde tinham combinado o duelo. Contrariamente ao habitual era Uosterol que tremia, enquanto o desconhecido se mantinha, calmo e firme com a arma na mão, apontada ao facínora. Uosterol preparou-se para atirar, com intenção de matar o desconhecido. Soaram tiros pelos ares, houve tão grande tiroteio como jamais se vira. Toda a Serra estremeceu e emudeceu. Apenas um grito se ouviu, após o qual Uosterol caiu por terra morto.

Algum tempo depois, a paz voltou à Serra.

 

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publicado por picodavigia2 às 18:50





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